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A NATAÇÃO BRASILEIRA PRECISA SAIR DA UTI! CAPÍTULO 3: SEM MEDALHAS = SEM RECURSOS

Nesse ciclo de Paris, o orçamento da CBDA foi turbinado pelas medalhas conquistadas pela Ana Marcela (ouro nas Águas Abertas), Bruno Fratus (bronze nos 50 livre) e Fernando Scheffer (bronze nos 200 livre) nos Jogos Olímpicos de Tóquio, além de outros bons resultados em Campeonatos Mundiais e Jogos Pan-Americanos, e mesmo assim a frase “não temos dinheiro para nada” era falada abertamente, como se fosse verdade.

Na verdade, o grande problema sempre foi a utilização dos recursos sem organização, planejamento, profissionalismo e seriedade.

Agora, por não conquistar nenhuma medalha nos Jogos Olímpicos de Paris, o orçamento da CBDA cairá pela metade no mínimo, trazendo uma situação ainda mais preocupante em relação a situação de nossa natação.

Se a entidade não soube executar de forma eficiente o orçamento desse ciclo, que foi mais curto, como executará de forma eficiente um orçamento menor durante um ciclo completo?

Estamos falando do que alto rendimento garante de recursos para a modalidade e como o alto rendimento tem como finalidade resultados expressivos, quanto mais medalhas são conquistadas durante um ciclo olímpico, mais recursos são disponibilizados no próximo ciclo.

Na verdade, tudo em nossas vidas depende de resultados expressivos, mesmo que muitos não querem aceitar isso atualmente.

Empresas que não lucram, não conseguem manter suas atividades. Quem tira notas mais altas em vestibulares entra nas melhores universidades. Projetos que não cumprem suas metas não são renovados. Profissionais com melhores resultados/entregas possuem cargos melhores e maiores salários.

A tão sonhada igualdade para todos não existe. Sempre existirá algum critério de desempate para diferenciar quem ou o que está um patamar acima.

Diferente do que é praticado pela CBDA em relação a critérios, o COB define de forma clara e transparente os respectivos critérios em sua Política de Descentralização de Recursos (PDR), normativo interno que rege os diversos aspectos relacionados ao repasse de verbas às confederações, desde as condições para recebimento dos recursos disponíveis até o procedimento de prestação de contas.

São 13 os critérios estabelecidos pelo COB para definir a proporção da distribuição dos recursos disponíveis no orçamento de cada ano entre as confederações. Cada um dos critérios pode proporcionar às confederações pontos com base em seu desempenho quanto àquele parâmetro e, quanto maior a pontuação total de uma confederação, maior o orçamento que lhe é destinado pelo COB para o exercício seguinte.

Assim, o sistema busca “recompensar” as confederações que atinjam os melhores índices dentro dos critérios eleitos pelo COB, ficando evidente o enorme peso do desempenho esportivo na avaliação da entidade: 11 dos 13 critérios remetem a resultados esportivos obtidos pelo Brasil naquela modalidade.

Todas as confederações conhecem os critérios da Política de Descentralização de Recursos do Comitê Olímpico Brasileiro, afinal ele foi divulgado com bastante antecedência e está disponível no Portal da Transparência do Comitê.

Com menos recursos da PDR do COB, sem grandes patrocinadores (outro assunto que também abordaremos em breve) e atolada em dívidas, só resta a CBDA fazer o que não tem feito: aplicar de forma inteligente os recursos disponíveis.

Prioridades precisam ser elencadas, projetos decentes e com objetivos reais precisam ser desenvolvidos e o gasto com regalias, luxos e ações de promoções pessoais de dirigentes precisam ser cortados.

Não podemos, de maneira algumas, aceitar que os melhores atletas do país tenham que pagar para participar de eventos internacionais ou realizar training camp durante suas preparações para a Seletiva Olímpica ou para os Jogos Olímpicos.

Se a entidade quer culpar apenas os atletas quando medalhas não são conquistadas, que forneça as mesmas oportunidades para todos que cumprirem critérios definidos no início do ciclo olímpico e não critérios não divulgados que são criados e alterados constantemente durante o ciclo.

Outra coisa inaceitável, por exemplo, é existir uma preocupação maior com a realização de uma Assembleia Geral presencial no Rio de Janeiro, durante a Seletiva Olímpica, fazendo com que a CBDA pague as despesas de transporte, hospedagem e alimentação de diversos presidentes de federações, enquanto a própria Seletiva Olímpica foi um fiasco organizacional e de marketing, como também pelo o que narramos acima.

E fica ainda mais inaceitável quando lembramos que outras Assembleias mais importantes foram realizadas remotamente, como, por exemplo, a Assembleia Geral Ordinária, realizada em 30 de março de 2024, que deliberou sobre a prestação de contas do exercício e o relatório gerencial de 2023, sobre o calendário e anuidade, orçamento e taxas para 2024.

Por que precisaram fazer uma Assembleia presencial durante a Seletiva Olímpica, gerando despesas para uma entidade que sempre reclamou que não tem recursos suficientes para fazer ações que podem realmente desenvolver a modalidade?

Que fique claro que não somos contra o pagamento de despesas de dirigentes quando existe a necessidade, afinal ninguém deve trabalhar de graça. O que sugerimos e cobramos é que existam prioridades e inteligência financeira. Não é possível aceitar que o desenvolvimento de atletas ou a tentativa de organizar bem um evento seja deixado de lado para atender interesses pessoais de dirigentes em ano eleitoral.

O básico, que nunca foi feito, precisa ser feito com urgência para tirar a natação brasileira da UTI.

Ainda não abordamos nem um terço dos problemas que identificamos ao longo dos anos, só que não queremos ser a única voz nessa jornada.

Curta, comente, compartilhe e salve nossos conteúdos. Quanto mais pessoas estiverem engajadas, maior a possibilidade de uma mudança ser iniciada.

Obs: Esse texto reflete uma opinião pessoal da direção da RSP Sports e não foi compartilhada com nossos assessorados, parceiros e clientes antes de sua publicação.

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André Pereira

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