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A NATAÇÃO BRASILEIRA PRECISA SAIR DA UTI! CAPÍTULO 2: EXISTE GESTÃO NA MODALIDADE?

Temos uma boa gestão da natação brasileira?

Acreditamos que estamos longe de ter algo que pode ser chamado de gestão na natação brasileira e o próprio significado do que é gestão já explica nossa opinião.

Gestão pode ser definida simplesmente como administração.

E o que pode ser gerido/administrado? Uma instituição, uma empresa, uma entidade social de pessoas, um projeto, pessoas…

Para se ter uma boa gestão, primeiro é preciso ter um líder com conhecimento do que será administrado e que saberá fixar as metas que deverão ser alcançadas através do planejamento que será traçado.

Esse líder também precisará ser um bom comunicador e saber tomar boas decisões, para ter sua equipe sempre alinhada e trabalhando com o mesmo foco, principalmente nos momentos de crise.

Já mostramos no Capítulo 1: Nosso Amadorismo Olímpico, alguns graves problemas que poderiam ser evitados, caso existisse organização, planejamento, profissionalismo e seriedade.

O fato de que nunca existir um projeto de médio a longo prazo bem planejado e bem executado para o desenvolvimento da natação brasileira é o maior problema citado nas mensagens que recebemos nos últimos dias.

Para piorar ainda mais essa falta de planejamento, em todo ano de eleição é lançado um projeto para a natação feminina ou para acompanhar base, que depois são paralisados sem explicações (e sem cobranças da comunidade aquática) após o período eleitoral.

Isso é um problema cultural brasileiro, que vemos constantemente várias áreas da administração pública, e que aconteceu em gestões passadas e infelizmente segue acontecendo com a atual gestão de nossa modalidade.

Utilizando um exemplo recente para exemplificar que narramos acima, alguém sabe o que aconteceu com aquele projeto social “Todos Pela Natação: Só Para Elas”, tão anunciado pela CBDA?

Alguém sabe se atingiu a quantidade de beneficiários que pretendiam, por que o projeto foi paralisado e por que nada foi noticiado?

Alguém sabe se existe um acompanhamento das meninas que eram beneficiadas no projeto e ou se foram encaminhadas para outros projetos ou clubes locais?

Existe uma constante preocupação em fazer alarde sobre lançamentos de projetos, sem que exista a preocupação sobre a qualidade, alcance, duração e metas dos projetos.

A terrível síndrome da cadeira segue atingindo algumas pessoas que assumem cargos em órgãos da administração esportiva, fazendo com que a preocupação em trabalhar pelo desenvolvimento do esporte seja substituído pela preocupação de achar meios de se manter no “poder”.

O ego exacerbado de alguns dirigentes faz com que eles acreditem que é melhor agradar outros dirigentes/políticos, através de decisões extremamente esdrúxulas ou de “mimos”, apenas para obter os votos desses outros dirigentes/políticos em eleições que garantirão suas permanências no poder e a manutenção de viagens de graça pelo mundo ou hospedagens em hotéis/refeições em restaurantes famosos por mais alguns anos, ao invés de fazer com que lembrem do que deveriam fazer realmente, que é trabalhar para o desenvolvimento do esporte.

Além disso, quantas vezes você já viu um dirigente dividir com um atleta a “culpa” por um resultado ruim e quantas vezes viu um dirigente aparecer para tirar foto com um atleta após uma grande conquista?

Por que dirigentes ficam irritados quando são criticados ou quando problemas são revelados?

Basta ver agora a situação que estamos vivendo. Quem são as pessoas que estão sendo “culpadas” pela performance da Seleção Brasileira neste Jogos Olímpicos? Você viu algum dirigente vir a público defender os “culpados?

É preciso aprender a filtrar o que é falado e a partir disso ouvir as críticas construtivas, que são as que vem acompanhadas de boas sugestões, e trazer para perto as pessoas que querem que a natação brasileira evolua, ao invés de só atender interesses pessoais de alguns poucos “amigos”.

Fazer cara feia, falar abertamente para várias pessoas que alguém é chato por que só crítica e tentar proibir pessoas de frequentar campeonatos e instalações, ao invés de fazer uma análise de todos os graves problemas ocorridos nesse último ciclo, só mostram como não existe profissionalismo na entidade.

Um dos grandes problemas da humanidade nos dias de hoje é a terceirização da culpa.

Já repararam que a culpa pelos atuais problemas da natação brasileira sempre é de outra pessoa/entidade e nunca da CBDA?

A culpa nunca é de quem tinha que ter organização, planejamento, profissionalismo e seriedade para comandar os projetos necessários, ela sempre é da antiga gestão, de um atleta, de um treinador, de um clube, de algum outro profissional, da falta de dinheiro…

Parece até que o mundo inteiro conspira contra a natação brasileira.

Processos simples e necessários são realizados com dificuldades ou erros graves.

O último caso ocorreu com a eleição para complementar a Comissão de Atletas.

Você sabia que a Comissão de Atletas (que tem trabalhado bastante em defesa dos interesses e direitos dos atletas) está com quantidade menor de atletas e que a eleição era para ser realizada nessa quarta-feira, dia 07 de agosto, para que ela finalmente tenha a quantidade de membros definida estatutariamente?

Então. Não teve eleição. Ela foi adiada porque a entidade deixou a Bigmidia, empresa gestora do site e sistemas da CBDA, numa situação complicada e sem prazo hábil para preparar todo o sistema.

A solução foi adiar essa eleição para que seja possível preparar todo o sistema necessário para a votação e apuração dos votos.

Pois é. Mais um fato inacreditável e inaceitável.

Agora só resta aguardar para que a eleição aconteça mesmo na próxima semana, oportunizando a regularização da Comissão de Atletas antes da eleição da CBDA este ano

O Capítulo 3 será publicado amanhã.

Ainda precisamos falar sobre eventos, clubes, disciplina, desvalorização e base, que são alguns dos assuntos que estão dominando os comentários nas publicações e nas mensagens que recebemos em nosso Instagram.

E aí, o que achou desse texto? Sua opinião é fundamental para nós. Queremos estabelecer um diálogo saudável e respeitoso, que é o melhor caminho para buscarmos as soluções necessárias para a natação brasileira começar a evoluir de verdade.

Obs: Esse texto reflete uma opinião pessoal da direção da RSP Sports e não foi compartilhada com nossos assessorados, parceiros e clientes antes de sua publicação.

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